Celebramos hoje, com todas as pessoas Amigas da Terra, a vitória de Luiz Inácio LULA da Silva no 2° turno das eleições presidenciais no Brasil. E as conclamamos, onde quer que estejam no planeta, a reconhecer a legitimidade do pleito eleitoral e seu resultado final e agir para que as instituições democráticas em todo o mundo assim o façam. Que estejam alertas e na proteção dos povos do nosso país contra qualquer possível ataque à Democracia, à estabilidade social, às instituições, organizações, movimentos sociais, territórios e comunidades que a defendem como bem comum da sociedade.
Como uma organização social gaúcha com quase seis décadas de atuação ininterrupta pela ecologia, pelos direitos humanos e pela soberania popular, e desde os anos 80 até os dias de hoje como único membro brasileiro da federação de Amigos da Terra Internacional, um movimento por justiça ambiental com grupos em 75 países, expressamos que:
Sobrevivemos como organização civil ao período da ditadura militar, que durou 21 anos, assim como ao golpe misógino à Presidenta Dilma em 2016. Amargamos quatro quase anos de Governo Bolsonaro, com sua política fascista, genocida, racista, sexista e desumana, testemunhando a banalização da morte de 700 mil pessoas por COVID. O projeto de morte deste governo, que finda em 31 de dezembro de 2022, esteve presente na gestão mal intencionada da pandemia e das políticas sociais e ambientais, no desrespeito aos povos indígenas e quilombolas, às mulheres e pessoas LGBTQIA+, aos sem terra e sem teto, à biodiversidade, à classe trabalhadora, à cultura popular, à ciência e à sustentabilidade da vida em todas as suas formas de expressão.
Nos posicionamos politicamente desde o início deste ano, e pela primeira vez na nossa história de forma tão nítida em um pleito eleitoral, em favor de uma única candidatura capaz de unificar uma frente ampla para a retomada e reconstrução democrática do país, representada por LULA, presidente eleito do Brasil que será empossado no dia 1º de janeiro de 2023.
Neste ano, apresentamos uma série de análises sobre o desmonte das políticas sociais e ambientais, alertas e denúncias aos ataques à democracia, assim como propostas a partir de uma perspectiva popular, feminista e por justiça ambiental que vimos refletidas e apropriadas pelas candidaturas ao legislativo e ao executivo no campo da esquerda e dos movimentos sociais que apoiamos e promovemos como representativas da nossa voz.
Com a vitória de LULA e de cada governo estadual e cadeira no parlamento que amplifica agora essa voz com diversidade, potência e responsabilidade de incidência, consulta e construção de propostas convergentes, deu-se início a um processo de virada, de vitória contra o ódio, as mentiras, as estratégias de manipulação das massas e os fundamentalismos religiosos que se consolidaram em nosso país desde 2016.
Sabemos que não será fácil e que precisaremos seguir na disputa por garantir, nesta retomada da democracia, nossas pautas e construções de práticas emancipatórias em curso nas alianças entre movimentos sociais do campo – das florestas, pampas, cerrados, caatingas e pantanais – e das cidades, frente a um governo de coalizão que se iniciará em 2023.
Estaremos com maior representatividade nos parlamentos para a construção e defesa de projetos de lei e de políticas voltadas ao interesse público, seja em âmbito estadual, nacional ou da política externa, seja comercial ou climática, cobrando primazia dos direitos humanos e dos povos sobre os lucros financeiros e empresariais .
No governo do Rio Grande do Sul, também com o apoio crucial da militância dos partidos de esquerda, sentimo-nos vitoriosos frente à derrota do candidato representante do fascismo e do Bolsonarismo. Assim mesmo, novamente nos colocamos em pé na resistência contra a continuidade do projeto ultraneoliberal e privatista no Estado, representado pelo governador reeleito Eduardo Leite.
Decidiram nos matar, mas decidimos não morrer e fazer parte desta história, que não termina aqui. Nos 60 dias que ainda restam do mandato do atual governo derrotado, enfrentaremos uma guerra simbólica e material. Na defesa desse projeto de reconstrução do país, além da esperança, contamos com a capacidade de organização e articulação popular, da unidade na diversidade dos povos e das forças políticas que têm um projeto de amor, humanidade e de respeito à vida.
Amigos da Terra Brasil
Porto Alegre, 31 de Outubro de 2022
Foto: Milhares de pessoas se reuniram na “festa da vitória” na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), na noite de domingo (30/10/22), após o anúncio do resultado das eleições. Em primeiro plano, presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Crédito: Ricardo Stuckert
*Acesse esta nota em inglês em: http://www.amigosdaterrabrasil.org.br/2022/10/31/today-we-celebrate-the-return-of-democracy-against-fascism-in-brazil-lula-is-elected-president/
* Acesse esta nota em espanhol em: http://www.amigosdaterrabrasil.org.br/2022/10/31/celebramos-hoy-la-retomada-de-la-democracia-contra-el-fascismo-en-brasil-lula-elegido-presidente/