Quem vê árvore não vê floresta – Manifesto Rede Alerta Contra Desertos Verdes


Dia Internacional de Lutas contra Desertos Verdes

21 de Setembro 2024
Rede Alerta contra Desertos Verdes/Brasil

Enquanto as florestas queimam e os rios secam, por todo país, as corporações criminosas da celulose, da siderurgia e dos biocombustíveis fazem propaganda.Para enganar a sociedade civil, suas famílias e crianças , as empresas investem maciçamente em jornais, tvs, rádios, cartilhas, outdoors, panfletos, mídia digital. Diante do cenário apocalíptico de céus cinzentos de fuligem, no “Dia da Árvore”, o agro é verde. Atenção, é golpe!

No “Dia da Árvore”, com apoio do governo Lula-Alckmin (BNDES, MMA, MAPA, Lei 14.876/24), dos governos estaduais e municipais, as corporações criminosas manejam a mesma mentira: “plantam árvores”, “ reflorestam”, “cuidam da água e da biodiversidade”, “protegem o clima”. Nos pampas do Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina. No pantanal do Mato Grosso do Sul. No Cerrado do Norte de Minas Gerais. Na Amazônia, no Pará e no Maranhão. Na Mata Atlântica do norte do Espírito Santo, extremo sul da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Cuidado, é golpe! Na verdade, não plantam florestas, mas sim monoculturas químicas, de árvores transgênicas, de rápido crescimento. Alerta aqui. Quem vê árvore, não vê floresta. Corporações Criminosas como a Suzano, a Veracel, a CMPC, a BBF Agro e a Abrapalma, a Plantar, a Mannesmann, a Norflor e a Usiminas plantam desertos verdes!

Se apropriam dos Territórios Indígenas, Quilombolas e da Pesca Artesanal. Devastam suas matas e mangues. Inviabilizam a Agricultura Camponesa e Familiar. Impedem a Reforma Agrária e a produção de Alimentos. Secam e contaminam as águas, a terra e o ar com agrotóxicos. Violam direitos humanos e direitos da natureza. Violentam e criminalizam a população resistente em seu entorno, com pesado investimento em polícia privada e com subordinação da própria PM para proteção de seu patrimônio. Contratam pesquisas, cientistas,start-ups, artistas, consultores, para afirmarem a falsa sustentabilidade empresarial. Embora a massiva exposição de certificados e selos verdes como o FSC, preservam a violência patriarcal e escravocrata do latifúndio agrário colonial exportador.

Diante da crise climática, em coro com o Estado gestor de salvaguardas, as Corporações Criminosas propagam mais mentiras, com o rótulo de “REDD+”, “carbono neutro” ou “zero carbono”. Em nome do clima, mas no interesse apenas do lucro, oferecem “créditos de carbono” para outras empresas e setores da economia fóssil. Com suas monoculturas de árvores, e privatização das florestas, as CorCrim fingem limpar o carbono da atmosfera, permitindo mais emissões petroleiras, em uma lógica suicida de falso mercado verde. Cuidado aqui. Não caia nessa. Devido aos seus diversos impactos socioambientais os créditos de carbono dos Desertos Verdes são sujos!

Para desfazer a farsa “florestal”, basta visitar seus vastos latifúndios, aprender com as comunidades que habitam em seus entornos, assistir os filmes, pesquisar as denúncias, ler a farta literatura crítica, consultar técnicos, cientistas e organizações independentes. Contra os Desertos Verdes, no “Dia da Árvore”, defendemos as matas, as águas, o clima.. Reivindicamos a urgente titulação dos territórios indígenas, quilombolas, geraiszeiros, de pesca artesanal, de quebradeiras de coco do babaçu. Reivindicamos a Reforma Agrária e a Agricultura Camponesa para a produção de alimentos. Reivindicamos a reparação dos direitos humanos e da natureza.No “Dia da Árvore”, 21 de Setembro, esteja em Alerta contra os Desertos Verdes!

Rede Alerta contra Desertos Verdes/Brasil

 

 

Rede Alerta contra Desertos Verdes: Liberdade para o Cacique Bacurau Já!

Viva o Povo Pataxó!

Liberdade para o Cacique Bacurau Já!

É inadmissível o que vem ocorrendo com o povo indígena Pataxó, no extremo sul da Bahia.  Com suas aldeias cercadas pelas monoculturas de eucalipto da Suzano e da Veracel Celulose, vigiadas por guarda privada, perseguidas pela PM do Estado da BA e por milícias regionais de latifundiários, o povo Pataxó resiste.

Luta pela demarcação de seus territórios, por seus direitos de povos originários, pela preservação de suas águas e matas atlânticas, pela transmissão de seus modos de vida, memória e sabedoria ancestral.

Na sociedade civil brasileira não podemos tolerar que o Estado e as Corporações da Celulose e suas milícias ameacem, criminalizem e matem as guerreiras e guerreiros pataxós que lutam por seus direitos.

Cacique Bacurau foi preso injustamente, acusado de um crime que não cometeu, uma armadilha de fazendeiros e ruralistas da região, com apoio do próprio Estado e de seu sistema jurídico. Cacique Bacurau é um preso político, por sua luta histórica e por sua liderança em defesa da regularização do território indígena Pataxó.

No país da impunidade dos mais ricos, da anistia a militares golpistas e torturadores, da normalização dos crimes do latifúndio; é uma vergonha nacional que o Estado tenha encarcerado o Cacique Bacurau, representante da luta pataxó por seu território, conforme anunciado pela Tv Pataxó em seu canal no Instagram.

O que ocorre no extremo sul da Bahia, com os Pataxós, se repete em muitas regiões do Brasil, o que evidencia um método, um manual de ação, um modo de operar das “CORCRIM”, as corporações criminosas da celulose, como a Cia. Suzano, que opera em muitos estados do país. No Espírito Santo e no Maranhão, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e São Paulo, por onde operam, as empresas de celulose montam uma “máquina de guerra”.

Uma guerra química com a vizinhança, pois suas monoculturas de árvores transgênicas não sobrevivem sem toneladas de agrotóxicos. Uma guerra pela água, demandando os rios e córregos de toda a região, para seus plantios e plantas industriais. Uma guerra jurídica, com batalhão de advogados processando e criminalizando as lideranças das comunidades mais resistentes. Uma guerra de vigilância e ocupação armada, contratando empresas privadas e subordinando a própria PM para sua segurança patrimonial. No campo, em seus monocultivos, uma empresa como a Suzano Celulose quase não gera emprego, a não ser no setor formal e informal de sua vigilância. Sua celulose é produzida na base da violência.

Viva o povo Pataxó! Demarcação Já! Titulação Já! De seu território ancestral.

Liberdade para o Cacique Bacurau!

Criminosa é a Suzano. Criminosa é a Veracel. Criminoso é o Estado Brasileiro e da Bahia.

Rede Alerta contra Desertos Verdes
4 Setembro 2024

Nota publicada originalmente no blog da Rede Alerta contra Desertos Verdes, articulação integrada pela Amigas da Terra Brasil (ATBR), neste link: https://alertacontradesertosverdes.org/cartas-notas-manifestos/liberdade-para-o-cacique-bacurau-ja/

Crédito da foto: TV Pataxó

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