Rede Alerta contra Desertos Verdes: Liberdade para o Cacique Bacurau Já!

Viva o Povo Pataxó!

Liberdade para o Cacique Bacurau Já!

É inadmissível o que vem ocorrendo com o povo indígena Pataxó, no extremo sul da Bahia.  Com suas aldeias cercadas pelas monoculturas de eucalipto da Suzano e da Veracel Celulose, vigiadas por guarda privada, perseguidas pela PM do Estado da BA e por milícias regionais de latifundiários, o povo Pataxó resiste.

Luta pela demarcação de seus territórios, por seus direitos de povos originários, pela preservação de suas águas e matas atlânticas, pela transmissão de seus modos de vida, memória e sabedoria ancestral.

Na sociedade civil brasileira não podemos tolerar que o Estado e as Corporações da Celulose e suas milícias ameacem, criminalizem e matem as guerreiras e guerreiros pataxós que lutam por seus direitos.

Cacique Bacurau foi preso injustamente, acusado de um crime que não cometeu, uma armadilha de fazendeiros e ruralistas da região, com apoio do próprio Estado e de seu sistema jurídico. Cacique Bacurau é um preso político, por sua luta histórica e por sua liderança em defesa da regularização do território indígena Pataxó.

No país da impunidade dos mais ricos, da anistia a militares golpistas e torturadores, da normalização dos crimes do latifúndio; é uma vergonha nacional que o Estado tenha encarcerado o Cacique Bacurau, representante da luta pataxó por seu território, conforme anunciado pela Tv Pataxó em seu canal no Instagram.

O que ocorre no extremo sul da Bahia, com os Pataxós, se repete em muitas regiões do Brasil, o que evidencia um método, um manual de ação, um modo de operar das “CORCRIM”, as corporações criminosas da celulose, como a Cia. Suzano, que opera em muitos estados do país. No Espírito Santo e no Maranhão, no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e São Paulo, por onde operam, as empresas de celulose montam uma “máquina de guerra”.

Uma guerra química com a vizinhança, pois suas monoculturas de árvores transgênicas não sobrevivem sem toneladas de agrotóxicos. Uma guerra pela água, demandando os rios e córregos de toda a região, para seus plantios e plantas industriais. Uma guerra jurídica, com batalhão de advogados processando e criminalizando as lideranças das comunidades mais resistentes. Uma guerra de vigilância e ocupação armada, contratando empresas privadas e subordinando a própria PM para sua segurança patrimonial. No campo, em seus monocultivos, uma empresa como a Suzano Celulose quase não gera emprego, a não ser no setor formal e informal de sua vigilância. Sua celulose é produzida na base da violência.

Viva o povo Pataxó! Demarcação Já! Titulação Já! De seu território ancestral.

Liberdade para o Cacique Bacurau!

Criminosa é a Suzano. Criminosa é a Veracel. Criminoso é o Estado Brasileiro e da Bahia.

Rede Alerta contra Desertos Verdes
4 Setembro 2024

Nota publicada originalmente no blog da Rede Alerta contra Desertos Verdes, articulação integrada pela Amigas da Terra Brasil (ATBR), neste link: https://alertacontradesertosverdes.org/cartas-notas-manifestos/liberdade-para-o-cacique-bacurau-ja/

Crédito da foto: TV Pataxó

Nota de solidariedade ao MST do Extremo Sul da Bahia

 

Terra para quem trabalha e cuida!

No dia 27 de fevereiro, cerca de 150 famílias do MST (Movimento Sem Terra) ocuparam três fazendas no extremo Sul da Bahia de propriedade da empresa Suzano Papel e Celulose S/A, considerada a maior empresa de celulose do mundo. A ocupação tinha como objetivo que a empresa cumprisse com o acordo de assentar cerca de 600 famílias firmado em 2011, com a participação do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Mas também denunciar os inúmeros danos causados ao meio ambiente pela plantação de eucalipto na região, especialmente a destruição do solo e uso excessivo de água.

No dia 3 de março, fazendeiros resolveram realizar seu próprio despejo na Fazenda Limoeiro, no Norte baiano, desmanchando barracos e incendiando colchões. As famílias se viram forçadas a desocupar a área, sob as ameaças. No dia 5 de março, sem terra que desocuparam área de fazenda entre os municípios de Santa Luzia e Camacan, no sul da Bahia, foram abordados dentro do ônibus, por volta de 40 pessoas, e ficaram sob ameaça de fazendeiros armados, que os conduziram para a delegacia. No local, foram conduzidos os depoimentos sem a presença dos advogados e advogadas dos militantes. Os fazendeiros não são o governo do Estado e nem a polícia militar para realizar tais atitudes que, portanto, são ilegais e se constituem em milícia privada.

A região do extremo Sul da Bahia vive sob tensão dos latifúndios, com pressão sobre acampamentos sem terra e indígenas. Vários relatos têm ocorrido sob a organização de “caminhonetadas” e despejos forçados. É urgente que sejam investigados tais fatos e que haja um planejamento fundiário de toda a região. Áreas que estão causando danos ambientais e improdutivas devem ser destinadas à Reforma Agrária conforme determina a Constituição ao estabelecer a função social da propriedade.

As plantações de eucalipto controladas por grandes corporações, que se utilizam de transgênicos e agrotóxicos, causam impacto no acesso à água e à efetivação da soberania alimentar. Estão destruindo nossas terras, nossas gentes, e levando nossas riquezas para o exterior com a cumplicidade das elites locais. Por isso, Reforma Agrária já!

A Amigos da Terra Brasil se solidariza com os companheiros e companheiras do MST do extremo Sul da Bahia e se soma às lutas por Reforma Agrária e pela construção da Soberania Alimentar.

 

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